Uma retrospectiva
de ações, mas sem propostas concretas para os entraves marcou o seminário "Plano
Nacional de Logística Portuária". Na visão de autoridades e especialistas
convidados para discutir o tema, a burocracia é o principal problema do setor.
Destravar significaria dobrar a capacidade de operação dos portos e poderia
ocorrer sem qualquer gasto adicional. O excesso de intervenientes, a demora na
execução de processos e a indiferença da Receita Federal em relação a projetos
de importância para o País foram outras críticas apresentadas.
Para o consultor na
área portuária e empresarial, Fabrizio Pierdomenico, os problemas são
decorrentes do completo abandono que o setor sofreu no passado e da falta de
planejamento, somente revertida a partir da criação da Secretaria de Portos da
Presidência da República (SEP).
Pierdomenico
destaca que o PAC permitiu visão clara do que seria necessário investir em
infraestrutura nas áreas de dragagem, desburocratização e planejamento e que o
Plano Nacional de Logística Portuária vai resgatar a falta de planejamento e
criar condições e instrumentos para a tomada de decisão. "É preciso recuperar a
capacidade de planejamento do Estado para tornar mais eficiente os investimentos
públicos e privados", avalia. O Plano escolheu 12 portos prioritários. Foi
dividido em quatro fases, iniciadas em dezembro de 2010 e com prazo de conclusão
em março de 2012.
O Porto Sem Papel
foi lembrado como uma das principais iniciativas para o setor. Hoje está em
operação em três portos e até o final de 2014 deve ser implantado em mais 20
para permitir a integração de sistemas e programas dos diversos anuentes.
Mas se por um lado
há iniciativas que apontam para novos rumos, na contramão estão fatores
polêmicos. Para os debatedores, a lentidão das licitações trava qualquer
expectativa de desenvolvimento. Também a falta de entendimento entre as
atribuições das esferas federal, estadual e municipal é outro aspecto
negativo.
Segundo o
superintendente de portos da Agência Nacional de Transportes Aquaviários
(Antaq), Giovanni Cavalcanti Paiva, o porto não é nada se não houver
interligação. Para ele, é preciso integrar governo federal, estadual e
municipal, além de contar com um ambiente regulatório favorável, para atrair
capital privado e conferir estabilidade institucional.
Paiva defendeu o
Plano Geral de Outorgas (PGO) como instrumento que veio para alavancar o
planejamento necessário ao setor, permitir escolher em que campo investir e
alinhar as ações relacionadas à cadeia logística. Sem estimar prazos e trabalhos
que podem ser executados no curto prazo, Paiva considera que "lentamente" tem
sido colocada a infraestrutura necessária para descentralizar a atividade
portuária e que propostas para redução de custos da cabotagem apresentadas pela
Agência devem evoluir no âmbito governamental.
Para o presidente
da Associação Brasileira dos Terminais Portuários (ABTP), Wilen Manteli, o
Brasil possui terminais de contêineres de primeiro mundo, mas tal excelência é
comprometida pela dificuldade de acesso ao local, pela burocracia - ocasionada
principalmente pelas 28 entidades que interferem na atividade portuária - e pela
falta de autonomia do gestor portuário.
Para Manteli, a
ideia da licitação é boa, mas o mecanismo criado é complexo e atrapalha o
processo. "É preciso acabar com o divisor público-privado e tratar daquilo que
interessa ao País", disse. Ele defende um modelo de administração portuária em
que o profissional seja avaliado pelo mérito, que permita continuidade do
trabalho mesmo diante de mudança de governo. "Cabe à sociedade cobrar dos
governantes ações para o setor. A expectativa é de que na reforma ministerial,
que a presidente Dilma fará, a área de portos saia fortalecida, para que seja
estratégica e prioritária." (Redação: Andréa Campos)
Fonte: Aduaneiras
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