Importações crescem o dobro das exportações

A aceleração econômica e a valorização do real fizeram as importações disparar em2010, inclusive no agronegócio. As importações do setor cresceram 35,2% sobre 2009, para o recorde de US$ 13,4 bilhões. O crescimento percentual foi praticamente o dobro do registrado nas exportações da agropecuária nacional, que avançaram 18%. Não entram na conta do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) as importações de fertilizantes, que tambémcresceram 40% emvolume no ano passado.

O ministro da Agricultura, WagnerRossi,minimizou o crescimento das importações, alegando que o valor é pouco significativo em comparação com as exportações agropecuárias.

Mas embora sejam pouco representativas diante das exportações de US$ 76,4 bilhões do agronegócio, as importações do ano passado mostraram a necessidade por itens que o Brasil tem condições de produzir, como arroz (US$ 373 milhões, alta de 20,1%), trigo (US$ 1,53 bilhão, alta de 26,4%) e óleo de palma ou dendê (US$ 304 milhões, alta de 54,2%).

“São importações localizadas em alguns produtos e que, por isso,merecempolíticas públicas também localizadas”, afirma o professor de planejamento e estratégia da Faculdade de Economia e Administração da Universidade de São Paulo em Ribeirão Preto (FEA-RP), Marcos Fava Neves.

Na visão dele, as cadeias produtivas que mais dependem de importações deveriam receber políticas tributárias e tecnológicas diferenciadas. Um dos caminhos, por exemplo, seria pesquisar e estimular a produção de trigo e arroz no Centro-Oeste.

Política

Na discussão sobre conter o crescimento das importações agropecuárias, contudo, também deve entrar uma componente de política externa, avalia o professor da USP Geraldo Barros, coordenador do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea/USP). “Nós exportamos tanto que importar um pouco pode ser positivo para as relações internacionais, especialmente no caso dos países do Mercosul”, defende. A Argentina e o Uruguai são as principais fontes do trigo e do arroz comprados pelo Brasil.

Além disso, no caso desses produtos, a ação do governo para estimular a produção fica muito comprometida pela proximidade com os fornecedores externos. “Se o governo tenta apoiar o produtor de trigo brasileiro e age para elevar os preços, acaba ajudando também os produtores dos países vizinhos”, diz Barros.

Preços

O que pesou para o crescimento de US$ 3,5 bilhões nas importações do agronegócio foi o aumento da renda e o barateamento dos produtos importados. Mas, também houve o efeito do aumento dos preços internacionais das commodities agrícolas. O preço médio do trigo, principal produto importado pelo agronegócio nacional, subiu 20,2% sobre 2009, enquanto o preço da borracha natural subiu 72,8%.

Mas o que marcou o resultado das importações agropecuárias em2010 foram mesmo produtos pouco comuns na mesa da população. A importação de azeite de oliva cresceu 17,6%, para 56 mil toneladas. A entrada de pescados subiu 17%, para 280 mil toneladas, superando a marca de US$ 1 bilhão.

Fonte: Brasil Econômco